Tratamento de Câncer de Mama

Maria Célia Laranjeira Rigonatto Bonizio

Enfermeira especialista em Oncologia.
Atualmente atuando na Unidade de Internação Oncologia do Hospital Sirio Libanes. São Paulo, SP.

Juliana de Lima Teodoro

Enfermeira especialista em oncologia pela Universidade Federal de São Paulo, em Acessos Vasculares e Terapia Infusional pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein e MBA em Gestão de Saúde. Atualmente, enfermeira supervisora das unidades de internação pediátrica e TMO do Hospital São Luiz Jabaquara. Núcleo Onco-Hematologia ABRENFOH. São Paulo, SP.

A presença ou não de mutações genéticas poderão futuramente contribuir na definição do tratamento de pacientes com câncer de mama.

Artigo intitulado: Tutt A, Garber E, Kaufman B, Viale G, Fumagalli D, et al. “OlympiA: A phase III, multicenter,
randomized, placebo-controlled trial of adjuvant olaparib after (neo)adjuvant chemotherapy in
patients with germline BRCA1/2 mutations and high-risk HER2-negative early breast cancer”
[Internet]. ASCO Annual Meeting 2021 [cited 2021 Jun 10]. Available
from:https://s3.amazonaws.com/files.oncologymeetings.org/prod/s3fs-public/2021-06/AM2021-LBAs-Final.pdf?null.

Vários são os avanços que têm acontecido no tratamento antineoplásico e muitos deles estão associados ao conhecimento das mutações genéticas. Conhecer esses progressos é fundamental para que possamos ofertar um cuidado de excelência.

O OlympiA corresponde a um estudo de fase 3, randomizado, duplo cego, placebo controle, que foi realizado em vários países. Foram incluídas neste estudo pacientes com câncer de mama em estágio inicial, HER 2 negativo, doença luminal (receptor hormonal positivo), ou doença triplo negativa. As pacientes tinham que ter alto risco de recorrência e todas as participantes do estudo possuíam mutação germinativa do gene BRCA 1 ou BRCA 2, visto que essas alterações conferem sensibilidade aos inibidores de Parp. Neste cenário foram incluídas nesse estudo 1836 participantes que foram randomizadas em dois braços: para uso de olaparibe 300 mg duas vezes por dia por um ano versus o grupo placebo. Essas pacientes foram acompanhadas por um curto período até o momento, porém a análise interina do estudo já trouxe resultados positivos. Ao ser analisado a população deste estudo observa-se que 72% da população mais jovem realizou mastectomia, o que é esperado e compatível quando há presença da mutação de BRCA; 82,2% da população era triplo negativa e apenas 18 % tinham receptor hormonal positivo. Metade das pacientes vieram em um cenário pós adjuvância e a outra metade pós neoadjuvância. A quimioterapia mais utilizada (95% das vezes) no cenário pré-operatório foi a combinação de antraciclina e taxano. O desfecho primário deste estudo era a sobrevida livre de doença invasiva, além disso foi avaliado tempo livre para doença à distância, recorrência à distância e sobrevida global. Os dados até o momento se demonstram encorajadores e parecem ser bastante sólidos. Nessa primeira avaliação, com uma mediana de 2,5 anos de seguimento, os resultados demonstraram um claro benefício no uso do olaparibe versus placebo, com benefício absoluto próximo de 9% a favor do olaparibe para sobrevida livre de doença invasiva. Para o desfecho de sobrevida livre de recorrência à distância, apresentou um benefício absoluto próximo de 7%. Com relação à sobrevida global já existe uma diferença numérica entre os dois grupos, porém devido ao curto intervalo de seguimento, ela ainda não apresentou significância estatística e consequentemente o grupo deve ser acompanhado por um período maior, para se obter um dado de sobrevida global mais fidedigno, com uma avaliação estatística mais precisa. Com relação a toxicidade até o momento evidenciou-se de forma mais importante anemia (8,7%), neutropenia (4,8%), leucopenia (3%), fadiga (1,8%) e linfocitopenia (1,2%)